"Parece tão bonitinho e ele adora !"
Essa é uma frase recorrente nas consultorias e uma questão delicada que deve ser tratada com muito respeito, carinho e responsabilidade.
Recentemente me deparei com uma sequência de vídeos publicados no Youtube que ensinavam a usar o Wrapsling carregando o bebê de frente pro Mundo. Me assustei com o tanto de visibilidade que eles tinham e, mais ainda, a satisfação das pessoas ali nos comentários.
A princípio confesso que fiquei bem chateada, mas lendo os comentários entendi as motivações das mães que buscavam essa alternativa para carregar seus bebês e resolvi explorar cada uma delas para tentar desmistificar e esclarecer.
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Vou começar lembrando a premissa básica do uso de carregadores: ERGONOMIA.
Ela deve ser considerada tanto para o posicionamento do bebê quanto para quem carrega - questão que já é unanimidade entre os pediatras, ortopedistas e fisioterapeutas.
O uso dos carregadores não pode interferir no bom desenvolvimento do encaixe do quadril dos bebês e, por isso, a atenção ao posicionamento correto e tempo de uso devem ser levados em conta, sem esquecer da postura de quem carrega.
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Um novo artigo sobre slings e desenvolvimento do quadril dos bebês relata a influencia dos modelos base estreita (maioria cangurus) e base larga (slings e mochilas ajustáveis).
Vou deixar o link aqui pra quem tiver interesse: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/jor.25571
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Um bebê até 12-18 meses está em pleno desenvolvimento de suas habilidades motoras e aprendendo a se posicionar e se deslocar contra a gravidade, sendo assim, ter tempo para ficar livre e explorar suas possibilidades no ambiente é muito importante.
Dito isso, slings e carregadores devem ser alternados com momentos de chão, tummy time e brincar livre.
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A posição correta das pernas durante o carregar é que garante a segurança e a ergonomia.
Sei que nem sempre é fácil de aprender e não vou entrar nesse mérito por hora pra não desviar o assunto, ok ?!
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Continuando ...
Veja o que diz esse artigo do International Hyp Dysplasia Institute sobre o posicionamento:
"Quando a posição adequada do quadril é mantida durante o carregar, pode haver um benefício substancial para o desenvolvimento natural do quadril..... A posição M é uma posição de apego natural para bebês na qual ele pode agarrar o tronco da mãe usando os músculos internos da coxa. Isso gera forças benéficas para o desenvolvimento do quadril.
"Estudos biomecânicos não publicados mostram que o voltado para dentro é mais ergonômico para o adulto que carrega a criança porque coloca o centro de gravidade do bebê mais próximo do adulto."
Além do M nas perninhas também é preciso observar a coluna vertebral do bebê que precisa ser mantida em formato de C, como um sapinho ou posição fetal, especialmente nos primeiros meses. Veja na imagem como dá pra ver a posição correta nesse sling transparente.
Na imagem ao lado você está vendo um desses modelos "famosinhos" e cobiçados por muitas famílias.
Com relação a ergonomia, ele é um dos únicos carregadores que aceita a posição de frente a partir de 12 meses ou mais, quando já temos uma estrutura de quadril bem formada e estável.
Porém, a posição traz prejuízos a postura de quem carrega e não protege a cabeça e a cervical do bebê caso ele queira se aconchegar ou dormir.
Qualquer outra alternativa é inadequeda, pois não respeita a posição em M das pernas e em C da coluna do bebê, comprime a região genital e não dá apoio na cervical da criança.
Vejam as imagens abaixo:
Bem, acho que em relação às questões técnicas sobre saúde e desenvolvimento motor já falamos o suficiente. Mas se você ainda ficou com alguma dúvida tem a opção de comentar aqui mesmo ou falar comigo pelo link de contato. Não se acanhe !
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Fora isso, se eu entendi bem, os relatos de uso da posição de carregar virado de frente vem de um suposto desconforto do bebê que quer virar e ver as coisas e as pessoas. Algumas mães podem temer que o bebê fique desconfortável ou restrito em um sling quando está "preso" de frente para ela. Carregar o bebê virado para o mundo dá a sensação que ele poderá explorar melhor o ambiente ao seu redor.
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O que podemos refletir sobre isso ? Vem comigo e segue o raciocínio.
Sim, com o passar dos meses os bebês tendem a se interessar pelas luzes, sons, cores, movimentos e pessoas e querer buscar esse estímulo faz parte, mas não significa que ele esteja desconfortável.
Estar de frente pode ser lúdico por um tempo, porém, isso também pode submetê-lo a excesso de estímulos sensoriais e de interação social indesejada, sem ter como fugir dela.
De frente para quem carrega o bebê tem opção de ver o Mundo ou se esconder dele e dormir quando não quiser mais.
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Ok, mas então qual seria a solução ?
Um bom meio terno e uma excelente alternativa para bebês maiorzinhos (+6M) é o Sling de Argolas.
Nele o bebê pode ser carregado de lado e tem uma visão ao redor bem ampla ao mesmo tempo que pode se aconchegar no cuidador sempre que estiver cansado ou com sono. E esse modelo é bem prático e fácil de aprender.
Diria até que, se você só terá orçamento para comprar 1 único carregador invista num bom Sling de Argolas. Ele é prático, de fácil manuseio e atende do RN até os 2 anos na maioria dos fabricantes.
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E, sem querer "puxar a sardinha" pro meu lado, mas ... ter uma Consultora de Babywearing pra chamar de sua pode economizar seu tempo, sua paciência e seu dinheiro.
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Bem, acho que chega por agora, né ?!
Espero ter conseguido dar base para que vocês possam fazer boas escolhas e se sentirem seguros com elas.
Fico a disposição para quem quiser uma consulta personalizada para iniciar a prática de Slingar de forma segura e feliz.
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Beijos com carinho ;) e até a próxima.
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